terça-feira, 20 de abril de 2010

Um pobre fantasma



Estou sangrando. Minhas pernas têm feridas. Várias. Algumas estão abertas e meus dedos estão sujos do sangue. Coloco-os em minha boca e sinto o gosto do meu próprio veneno. Doce. Quente. Amargo. Doce.
Gostaria de acreditar em alguém hoje, mas não creio em mais ninguém.
Nem em minha mãe e nem em meu pai. Nem num padre nem em deus ou num estranho qualquer na rua, em ninguém: não creio em mais ninguém. Acho que viver assim é um castigo, sem ter em quem acreditar.
Olho pela janela, está chovendo agora. Estou aqui há algum tempo mas não sei definir quanto.
De resto, preciso me conformar que é isso e só isso que tenho.

-> Ainda que eu tente ser algo diferente, não sei o que tentar.