A vida é um
corte sintético na pele que alguém raramente aprecia. Não é pecado apreciar, de
fato, mas não é agradável. A sensação é de afundar, sente-se comichões
protoplasmáticas pelos poros. A célula mãe se desfaz em pedacinhos em uma
operação obliqua. Nada disso é verdade. Contente-se com a enganação. Eu sei o
que sou, uma barata apavorada vivendo sob ameaça de Kafka, uma Fleur murcha de
Baudelaire no limbo; O padrinho do lixão!
Uma coisa é certa, não sei o que está errado.
Nunca quero dar
nada, mas quando dou, não é de graça. Sempre que eu posso, pego tudo de volta e
estupro mais um pouco, chupo tudo que posso pra dentro das artérias. Normal,
sou viciada em prazer e ele se localiza nas minhas vísceras. Poderia te tornar uma
mercadoria apática por osmose, mas não ligo a mínima a pouca merda que sai pelo
teu rabo. Já estou cheia desta sacanagem.