quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Velho Hábito.

ENTERROS SÃO FARSAS CERIMONIAIS
E OS MEUS, BEM, ELES SÃO OS MELHORES.


E então um dia, o amor morre. Ele fica doente antes? Não sei, e como saberia?
Domingo é o enterro, não sei bem se devo ir de preto. Está fora de moda. Não, preto nunca sai da moda. Amor sim. Super fora de moda. Caí no ridículo de amar. O que faço eu, agora? Não sei, e como saberia? Cor-de-rosa seria muito alegre para um enterro?

E era como eu já dizia:
Enterros são...

domingo, 20 de dezembro de 2009

A Praça da República dos meus sonhos

"A estatua de Álvares de Azevedo é devorada com paciência pela paisagem de morfina

A praça leva pontes aplicadas no centro do seu corpo
E crianças brincando na tarde de esterco
Praça da República dos meus sonhos
Onde tudo se fez febre e pombas crucificadas
Onde beatificados vem agitar as massas
Onde Garcia Llorca espera seu dentista
Onde conquistamos a imensa dossolação dos dias mais doces
Os meninos tiveram seus testículos espetados pela multidão
Lábios coagulam sem estardalhaço
Os mictórios tomam lugar na luz
Os coqueiros se fixam onde o vento desarruma os cabelos
Delirium Tremis diante do paraíso
Bundas glabas sexo de papel
Anjos deitados nos canteiro cobertos de cal
Água fumegante nas privadas
Cérebros sulcados de acenos
Os veterinários passam lentos, lendo Dom Casmurro
As jovens pederastas embebidos em lilás
E putas com a noite passeando em torno de suas unhas
Há uma gota de chuva na cabeleira abandonada
Enquanto o sangue faz naufragar as corolas
Oh, minhas visões
Lembranças de Rimbaud
Praça da República dos meus sonhos
A última sabedoria debruçada numa porta santa".

[R.Piva]

-

LINDO! LINDO! LINDO! LINDO!


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Eu nunca conheci alguém como você antes.

No fundo, de fato, eu gosto demais de você para colocar a realidade como ela é. Eu não quero ver, não quero acreditar em nada que não seja o mundo e todo o resto eterno, porque tudo que está girando ao meu redor agora é a sua presença, a sua doce presença.
Frenético, dança frenético, noites de sono perdidas; O amor: uma parte de mim que se multiplica.
Você é o que eu posso ver em mim sem estar diante do espelho. Grandes olhos castanhos, cigarros amassados no bolso, copos de martini, unhas quebradas, auto-suficiência é um erro, será que somos um erro? Um grande erro dos Deuses?
Estamos correndo o perigo que gostamos de correr, nossos excessos, nosso palco é a desculpa de todos para viver uma vida infeliz e monótona, e agora eu tenho certeza, nós podemos aproveitar um pouco melhor o que nós temos.



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A parte que me toca

Eu não posso poupar-me de sofrer porque não posso poupar-me da perda. E a perda é a coisa mais liquefascistóide que preciso lidar. A propósito, isso causa-me um espanto e tanto! Perder coisas, tanto faz se deploráveis, don´t care, baby - perdendo, não é? - D-Ó-I.

As dores são tão clichês às vezes... Na essência. Os sonhos faltam-me agora, e essa é a verdade. Uma incontinência contínua, o mundo transformando-se em plano de fundo para todas as desgraças cotidianas, domingos virando segundas, segundas: terças; E eu?

Perdendo tempo, perdendo algo importante ou não, Perdendo um ar vazio de estupidez. Eu estou perdendo todo meu sangue agora.

Não sou nem um pouco adequada.
Chamem outra pessoa.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Oito de Dezembro.

- Hey Jim, não é seu aniversário, cara?
- Apaguem as luzes, pode ser?

[Dá um gole de uísque]

O filme começará em cinco minutos - a voz anunciou
Quem não entrou, pode esperar pela próxima sessão.
Seguimos lentamente, pelo corredor
O auditório era grande e silencioso.
- O filme não é novo, já foi visto várias vezes. Nascimento, vida e morte, vocês já sabem o resto.

Sua vida era boa quando morreu?
Boa o bastante para um filme, hã?


[Boa o bastante para um filme]

domingo, 6 de dezembro de 2009

A sensação de ser uma pessoa substituta:

Quando alguém aparece precisando de você, dorme na sua casa com a sua roupa de dormir, passa dias e dias fazendo tudo aquilo que você faz, viaja com você para vários lugares, ônibus, estações, trens, as mesmas músicas, as mesmas comidas; Mas no fundo tudo isso é vazio, tudo isso não faz sentido. Não importa, não importa, não importa, não quer admitir o cargo de pessoa-substituta.
Mas você sabe, não sabe? Tão logo, já não é mais precisada.

Não dá pra saber o que ficou de você, se é que algo ficou, porque alguém levou algo verdadeiro seu, e sem ao menos pedir, não era necessário: você simplesmente deu, doou. Dói quando alguém joga fora tudo que podíamos dar, não é?

Tente qualquer coisa agora: caminhadas, yoga, aulas místicas, parar com as drogas, drogar-se mais ainda, ler livros cafonas, meditação, fugir, voltar, uma nova identidade, ah...nada vai mudar. Qual é mesmo seu nome?

[...]

Continuará sendo uma pessoa para preencher lacunas.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Despersonalização

As flores não fazem diferença, nem a rua, nem a estrada, tudo parece igual e vazio, tudo parece sem sentido. Não sei mais quem são as pessoas, e quem sou eu? Quem o quê?
É isso: Torço para existir, para deixar de existir. Um soco no estômago para ver se eu fulmino! Será que funciona? Nem cocaína e nem coca-cola, frascos de vidro perfume ou de lítio. - Engolir com uísque todos os comprimidos - Tudo fica vazio depois de umas horas, complexo das horas, "cinza das horas", não adianta fingir, omitir, palavras vazias, sexo noturno sempre distrai, chocolate, sorvete, seringas: comprá-las aos montes; manter suas veias nas minhas atrai, chorar sem motivo, quem tem motivo? Gastar dinheiro, roubar, café resolve, resolve o quê? Vomitar pra emagrecer, comer para esquecer, andar para suar, banho para acalmar.