terça-feira, 24 de agosto de 2010

DEVANEIOS ROMÂNTICOS.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sem isto e sem aquilo

Quando te conheci, você despejou um olhar muito terno sobre mim, um olhar terno e triste, havia muita confusão naquela sua cabecinha de dezessete anos. Eu estava na varanda de um prédio no centro daquela cidade desconhecida por mim até então, aqueles rostos infantis me invadiam sem piedade. Havia uma garota que, todos diziam que era a mais bonita, quando eu a vi, entrei em choque: não passava de uma garota com uma cabeça enorme e uma mini-saia jeans. Aquele grande crânio parecia mais uma luminária esbanjando luz por todo o centro daquela cidade fracassada, chucra, entediada de bebês borrados de merda falando alguma coisa sobre um astro do rock do interior. Quem era aquele astro do rock provinciano, afinal?
Era você, lá embaixo, grandes olhos caidos, sua mãe estava te acompanhando. Senti pena daquela mulher. Ela parecia triste, vencida pelo tempo e pelo destino que lhe pregara uma peça.
Havia um grande pesar em seus ombros, cabelos desarrumados, boca silenciosa.
Lá de cima, olhava para você com muita curiosidade. Seu jeito era muito peculiar e não havia emoção nenhuma em seu rosto. Era totalmente vazio, um rosto caído e triste.
Desci as escadas ao seu encontro, a primeira impressão que causou-me foi de ser uma pessoa má. Tive medo. Medo de que você dissesse algo que me machucasse. Me ferisse. Preferi ficar em silêncio ao seu lado.
"Hoje eu não vou cheirar" - Certamente disse isso só para impressionar, aqueles seus olhos caídos confessavam isso sem que você pudesse perceber.

Hoje eu coleciono cartelas de remédios para transtornos mentais, para me proteger da solidão e das ansiedades banais de cada dia. Proteger-me do amor e do anti-amor. Coleciono as cartelas vazias, elas parecem com o que meu corpo é por dentro. As capsulas estão todas agora em alguma parte do meu ser, me fazendo chorar de novo, fazendo com que eu volte a te perder.
A casa toda está repleta de cartelas vazias, misturam-se com os brinquedos da minha sobrinha, com a merda do cachorro fedendo na cozinha. Eu acendo um cigarro e sento na sacada. É mais uma noite perfeita, você está escovando os dentes agora. Eu estou tentando esquecer de mim e conhecer alguém, alguém bom. Tudo isso tem muito a ver com você. O psiquiatra, os remédios, o diagnóstico, a doença, os rios que correm dentro de mim e desaguam borbulhando dentro da minha boca. Você é o ralo através do qual sou forçada a entrar, há alguma espécie de trauma em mim agora porque esse ralo está sempre entupido.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Entre o cômico e a cólera

É na boca do estômago que sinto todo meu amor. Ele sobe pelo esôfago e chega na garganta, preciso vomita-lo em algum lugar, em alguém, eu preciso vomitar toda essa merda que há muito não me mantém.
Talvez eu tenha um infarto do miocárdio
antes de completar 25 anos, é normal pra alguém como eu: psicótica, neurastênica, frágil e indócil.
Hoje falta oxigênio, e eu não preciso apenas de ar, eu preciso me afogar numa merda muito grande de amor profundo, eu não sei ser alguém quando não vou além.
Há algo fodendo com o meu peito e eu não sei se ainda tenho esse direito. Continuo camuflada, obervando muda esse final feliz amargo. Dói quando eu vejo que está tudo bem e que o nosso tudo bem tornou-se impossível.
Agora eu sei, você fez de mim uma pequena puta promíscua e histriônica, a culpa toda é sua, e, bem, eu quero ser uma.

Histriônica promíscua filha da puta.


HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.


domingo, 8 de agosto de 2010

comendo um corpo morto.

Eu sou uma aberração. Uma porra de uma aberração. Tenho cinco anos de idade dentro desse corpo comprido e cheio de imperfeição.
Todos os orgãos do meu corpo acabaram de nascer, especialmente o meu cerébro. Tenho mais de 100 bilhões de neurônios girinos germinando e morrendo dentro dessa merda de cabeça. Por fora, meu esqueleto tem vinte e dois anos. A face ainda tem cinco. Olhos de criança pidona, grandes olhos que tudo querem mas lambem com a testa a maior parte do tempo.

Toda criança tem um cerébro elástico, pronto para crescer. O que tem dentro da minha caixa craniana é inflexível. Retrocedendo esporadicamente.

Os anos que se passaram além destes cinco que possuo foram inalados para dentro de mim. Como grossas carreiras de cocaína, os anos foram devolvidos para sua fonte: meu corpo. Foi uma grande euforia viver vinte e dois anos sem lembrar de absolutamente nada. Depois que os anos voltam para dentro, jorra sangue quente de dentro do nariz, expulso toda a felicidade e o que volta para dentro é a capacidade de diminuir minha vida cada vez mais e para menos; pálida e chorona, a bad da farinha é a minha eterna infância, correndo por todas as veias e artérias, chegando finalmente ao coração semi-novo da garotinha que ainda rabisca a cara das bonecas.
E ela nunca vai crescer. Nunca.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Estou sorrindo porque sempre supunho demais.


Il ne faut jamais désespérer





Amei em demasia,
confesso. Jorrei toda cólera concentrada em meu peito. Agora todo meu liquido suja o seu corpo limpo. Penso em você como vida. Eu sou toda a morte. O amor que depositei dentro do seu corpo, esse amor não tem comparação.
Eu digo: "Escuta aqui, meu bem, não há mais o que fazer, você trepou por cima de mim, agora é melhor morrer de alguma doença das boas. Eu não brilho mais, mas você, você é toda fonte de vida que eu conheço."
Vejo-te pegando um cigarro naquele maço amassado, no bolso traseiro da calça suja, vai logo dizendo: "Você chama isso de vida? Como acha que eu me sinto?" então você desaba a rir, esporra merda sobre mim, sobre minha mente estúpida, sobre toda minha crueldade.

Não importa o que aconteça estamos juntos. Não importa o quanto você se afaste. Há um laço eterno entre nós. Você é minha vida e eu sou a tua morte.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Hoje eu aceito toda espécie de dor

que faça-me sentir alguma espécie de amor. Não importa, talvez eu seja só uma criança pequena tentando sentir alguma coisa. Como quando boto a mão no fogo ou... quando faço xixi na cama

domingo, 1 de agosto de 2010

Por favor, não morra.

Tô confusa, como sempre. A boca tá seca de estabilizador de humor e antidepressivo. Foda-se. Eu sou mesmo todo o caos.
O que devo fazer quando a paixão é como Henry Miller?
Seja como for, não me preocupo mais.
Estou imersa nessa putaria.



A noite tá fria. Toca Neon Boys.
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"MEU CORAÇÃO É UM DEBOCHE ABERTO"


O meu também é;