segunda-feira, 28 de setembro de 2009

COURO.



"Lingua de tiras de couro, a correia o espera/ Sinta o gosto do chicote, do amor não dado [...]"
[Velvet Underground]

A minha pele é de couro. Couro de lagarto, para ser mais específica. Talvez uma falha paterna em minha sórdida infância tenha colaborado com a produção do meu tecido, e aqui estou eu: um dos couros mais bonitos e elegantes entre peles mais exóticas. Também tecido fútil e desnecessário. Sou luxo e sofisticação, embora caótico e de viés impulsivo.
Tenho o tempo como meu maior aliado, e com o passar dos anos meu couro fica ainda mais atraente. Sendo assim, confesso, sei fazer um jogo de sedução, consigo te manipular facilmente, e você pode não resistir e gastar até seu último vintém tentando comprar-me.
Sou extremamente impermeável, e não deixo qualquer um pisar em mim, embora para entrar no meu mundo - ora sádico, ora masoquista - basta vestir-me por cima de sua pele quente, onde eu serei o teu spleen, o teu baço e o teu sangue.
Meu couro é tão resistente, que nem um tiro de rifle faria efeito, resistente posso ser por fora, porque por dentro dói ser tão vulnerável, fria e vazia.
Sei que, ou me amam ou me odeiam. Sofro assim sendo, um pouco desumana ou humana em excesso, contraditório ou não, tornei-me couro.
Como virar seda, se não sou nada além de um tecido da geração prozac?

HAHAHAHAHAHA....


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Escola da Noite"

"
1. O Diabo pode reanimar um cadáver?
2. Você pode escolher o lugar?
1. ...?
2. Para quando te enterrarem na igreja.


Marlowe: Deus adormecido, morto ou escondido, estará doente? Anda bêbado desde que acabou com a criação?

Marlowe: Quero que minha natureza se compadeça na amizade com um Deus que seja Deus dos Entusiasmos Delirantes, que nem proteja e nem abandone, que nada julgue.

Marlowe: Deus onipotente, poderia criar uma pedra tão pesada que nem você mesmo não seria capaz de levantar? Deus onisciente, tem certeza de que os justos herdarão seu reino"

[LIZ - Reinaldo Montero]

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

[Já não há mais tempo para heróis.]



[Me ampare antes que eu caia]


Seus olhos não estão mais pendurados sobre mim, e já não consigo mais parar de ser tão frívola. Perdoe-me a pieguisse, mas ainda sou garota e preciso de heróis. Você era o herói de qualquer menina, mas era a mim que fazia especial, não importava quanto tempo, não importava, era toda vez que eu colocava meus braços em volta do seu corpo magro e fraco. Com uma das mãos, agora cubro o rosto, reduzir foi o que acabei aprendendo, dentro das arestas de um mundo quadrado, reduzir-me ao descartável.
Eu gostaria de ainda poder ter, mas tudo parece-me apodrecido, falecido no amor: não há mais nenhum heroismo a qual eu depender.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

limitrofismo

c.o.r.t.e
c.o.r.t.e
c.o.r.t.e
c.o.r.t.e
c.o.r.t.e

c.o.s.t.u.r.e
c.o.s.t.u.r.e
c.o.s.t.u.r.e
c.o.s.t.u.r.e


DOR
[...]

-->dois ou...um?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

[amor-entre-entranhas.]

Arranco-lhe os dentes da boca, todos se preciso, para que sua boca seja apenas minha, para que ninguém mais a queira, capaz sou de fazer-te feia só para mim, sem dentes, boca vazia, mas minha, só minha.

Seus pés descalços adormecerão sobre meu peito, e eu direi a todos o quanto teu amor é pleno. Mesmo sem palavras, mesmo em silêncio.

Às vezes contorço-me todo de amor, e é tão profundo: simplesmente eu afundo.
E de tão louco, acabao fingindo que somos felizes. E somos! E somos!


perdidamente apaixonados... (infarto!)

[t.m]

terça-feira, 8 de setembro de 2009

rock´n´roll club

Você tenta ser alguma coisa além da sua cocaína, o disco de vinil do Richard Hell, e da sua tarde na psicanálise. No final das contas, você consegue SER?

[N.ã.o]

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Por antecipação



Oh, se algum um dia você amar, diga: DÓI, ele vai embora.
Oh, a dor é inevitável, a necrose sobe ao baço, e ele vai embora.
Oh, se algum dia achar que alguém é bom o bastante, diga: maldita traça!
[Corroí e transforma pele viva em célula falida]
Oh, se achar que alguém algum dia te amou, diga: É mentira!
Ele pousou sobre teu orgão, como um parasita, depositou sujeira na tua ferida.

E ainda há quem diz que o "amor é chama"!



[t.m]


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lagartixa

"O ventre é quase nada, pura transparência onde se escondem o dorso e seus andaimes. Não tem entranhas. A pele de tão fina já não é: limita. semovente o nada de fora e o quase nada de dentro”


---> [Carlos Felipe Moisés]

sentimento limítrofe do dia:

"Tendência de sentir-se facilmente ferido ou agredido (pequenos estressores são capazes de enfurecê-los. Eles se irritam ou se rebelam por pouca coisa, às vezes totalmente insignificantes) faz com que frequentemente entrem em brigas ou confusões no ambiente social do dia-a-dia. Eles não têm controle de si mesmo, por isso facilmente demonstram irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, desde maus tratos e estupidez, até xingamentos e violência. São, de forma geral, propensos a um comportamento evidentemente briguento, com uma notável facilidade em brigar com todos a seu redor, abrir escândalos, confusões e etc."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

[ineficiência mórbida]


----> Maybe tomorrow
A new romance
No more sorrow
But that's the chance - You gotta take
If your lonely heart breaks
Only the lonely <----

...

Marcas de dor pelo corpo: doença. Abre o armário e tropeça em remédios tarja-preta, talvez sofra de uma ineficiência mórbida monumental. HA.HA.HA. Não faz nada do que deveria ser feito hoje, a não ser tomar coca-cola, café, chorar, ouvir músicas tristes, pronunciar as palavras mais decadentes da língua portuguesa, e, claro, depreciar todas as suas possibilidades.

[X] "Se é um dia ruim, tente se sufocar."