quarta-feira, 23 de maio de 2012

sleep on

Não fui à psiquiatra ontem, no fundo, uma espécie de vingança. Mas a qualquer modo, toda vingança envenena e cá estou eu sem remédio. Agora são 07h19 da manhã e eu estou virada. Fiz de tudo, confesso. televisão, livro (Anaïs, que me prendeu por bastante tempo), tentei dormir. Em vão. Tudo que eu gostaria era de voltar ao passado e ter ido à consulta pegar minha quetiapina. (fodam-se as fluoxetinas)

Tomei uma sopa de feijão requentada às 7h, não, não é comum, mas meu estômago estava parecendo um saco vazio. Olho pela enorme janela da sala, que logo não será mais minha, e vejo a Paulista coberta de névoa. Daqui umas semanas, minha visão será da 13 quando sair na janela.

Sem um pingo de sono, sem o clichê de "vou fazer sabonetes" porque isso me enoja. Vou é manter os olhos abertos feito uma doente no cio até não aguentar mais.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

vai pegar mal se eu contar?

Briguei com a Karina, minha psiquiatra. Mas serei breve porque  esse fato é meio constrangedor, eu acho. Pra começar falei que não ia espera-la mais, depois de quase a tarde toda, sem falar da semana passada que não tive tempo de buscar os remédios na farmácia do IPQ graças a estimada pontualidade dela.

Depois, veio a parte mais cômica e drástica desta história, quando eu falei que ela não dava atenção pra mim, só pra outra paciente (que não vou citar o nome, porque eu gosto dela e não quero que ela pense o contrário, caso venha a ler este relato enfadonho algum dia)

Ela disse que o caso era novo e perguntou se acaso eu me lembrava de quando eu ingressei o tratamento no IPQ. Me lembro pouco, pois estava totalmente dopada de rivotril 24 horas por dia. Mas, mesmo assim eu disse, "Lembro-me e aliás, não sei porque você me perguntou isso se meu psiquiatra era o Bruno"

Não que eu goste mais do Bruno, mas ele gostava mais de mim, eu acho. A Karina tem ideias idiotas, do tipo, eu, uma pessoa com transtorno de personalidade limítrofe, desempregada e estudando as duras penas, ela pergunta, porque eu não vou morar sozinha. Por que será, dr. Karina?

Enfim, isto não vem ao caso agora, voltemos aonde parei. Sei que foi doentio da minha parte me importar com esse tipo de coisa, afinal, ela é só mais uma deles, dos loucos que pensam que são normais. Não confiar. Menos, claro no meu supervisor, que eu amo de paixão, o doctor Erlis, ele é uma pessoa muito especial.

No mais, acabou em "pizza" na enfermaria do integrado. E daí? No fim, continuarei a tomar aquela imensidão de comprimidos para loucura todos os dias. E eu estou de saco cheio deles.




terça-feira, 1 de maio de 2012

E o nada é meu tudo

Me sinto horrível. parece que tem alguém apertando bem forte meu pescoço e tudo que consigo sentir é um enjoo no estômago, uma fraqueza que passa pelos meus braços e se desloca para fora de mim, como uma grande energia desperdiçada.

Já não me sinto bonita há muito. Não tenho o menor prazer em fazer fotos minhas. Se tiro, não as uso, porque sinto-me feia. só fotografo ruas, lugares, coisas, porque eu não gosto de me auto-retratar. Já fui Frida Khalo durante um bom tempo e me sentia bem quando era. Agora pareço me mais com um ratinho medroso fugindo de tudo e de todos.

Acho que meu inferno astral é o aconchego pelo qual eu me dedico. Tens razão, talvez eu goste do gosto das cinzas, sou triste e me sinto bem assim.

Tô trancada em uma versão opaca dos meus sonhos e tudo que faço é engolir oito comprimidos por dia, como se isso fosse ajudar em alguma coisa!


porque todo mundo sabe, ela é a fêmea fatal.