quarta-feira, 27 de maio de 2009

[Auto-retrato]

O que eu era fui
fluída fugidia fumaça
fui e era
não ao perfeito ser

Vislumbro o que fui
ou só vislumbre o outro é
ostensiva fragmentação
de bem moldada forma

no barro adâmico
de sonho e sono fui
derrapante à erosão
era fui ser não sei

a chuva corre em mim
esta que era, fui
brasa evaporada
sob as gotas do medo


[Laís C.A]

terça-feira, 26 de maio de 2009

Christiane é borderline [e eu também]

Acho pouco razoável escrever só quando tenho crises. Reparou como pessoas limítrofes adoram essa expressão "crise"? Pois é, é assim mais ou menos que chamamos aquilo que nos acontece vez ou outra e não sabemos explicar com palavras quando alguém nos pergunta.
Ocorreu-me a idéia de escrever mais aqui, enfim, escrever bobagens também, sobre a minha vida cotidiana... Por exemplo, como eu gosto de assistir aos Simpsons com meu namorado, e como gosto de comer o macarrão da minha mãe aos domingos. Não tenho mesmo pretensão nenhuma de que este blog seja jornalístico, ou tenha alguma serventia para alguém que não seja ao meu próprio eu.
Não que eu não goste dos meus últimos textos, mas agora acho que preciso escrever com mais liberdade, e tem sido complicado relacioná-los com a minha vida e/ou escrevê-los de forma que demonstre o que eu realmente gostaria de demonstrar sem usar toda a liberdade... acabei podando-me a um objetivo estreito e talvez nulo, já que existem milhões de possibilidades se eu utilizar o caos e a liberdade exposta a mim.
Enfim, pode ser que amanhã mesmo eu mude de idéia e continue a me restringir, talvez até mesmo antes de postar esse texto, mas independente de qualquer coisa, ele vai ao ar. ha, ha, ha.


Essa instabilidade é comum aos "patologicamente limítrofes", e descobri por conta própria que Christiane também é borderline. Que Christiane? Essa da foto lá embaixo, conhece? Eu a conheço há uns anos e de uns dias para cá, fui novamente interessar-me pela vida dela, já que li um artigo dizendo que ela havia fugido para Amsterdam com seu atual namorado, e, segundo o tal, ficou semanas sem tomar banho, fumando maconha e voltou a injetar heroina (Deus sabe lá em qual veia, já que todas estão entupidas). Enquanto seu filho, Nico, de onze anos, passava suas tardes jogando video game, abandonado por Christiane.
O cara disse abandonado, mas não acho que ela seria capaz de tal coisa. Apesar de todos os fatos, ela seqüestrou o próprio filho para poder viajar para Amsterdam, já que quando as autoridades ficaram sabendo da viagem proibiram a ida do garoto. Não creio que uma mãe que não ligue para seu filho teria o trabalho de sequestrá-lo para então o levar com ela... Enfim, o fato é que, juntei detalhe por detalhe da vida de Christiane e pude concluir que ela é borderline.


1. Trauma na infância - a péssima relação da família, onde o pai bebia e batia na mãe e nas duas filhas por causa de frustrações pessoais, até chegar à separação definitiva do casal.


2. Complexo de inferioridade - Christiane achava que precisava ser como um grupo de pessoas para ser aceita e ingressar nele. Ora se achava inferior a garotas que já tinham o "corpo de mulher" sendo que ela era ainda uma menina, ora pessoas que usavam heroina eram superiores porque acreditava que essas eram muito mais experientes do que ela, etc.


3. Uso compulsivo de algo para preencher o sentimento do "vazio" da self - a Heroína. Bem, não preciso citar nenhum outro ato compulsivo, já que esse foi suficientemente decadente tendo em vista que a vida que Christiane construiu a partir de então era preenchida pela heroína e transformou-se em promíscua, ao praticar trottoir para sustentar seu vício.


4. Medo da solidão - Christiane é visivelmente uma pessoa com medo de estar sozinha, e de ser abandonada, fazendo qualquer coisa para evitar o abandono real ou imaginado. Como exemplo maior, o uso de Heroína para manter primeiramente a amizade de Detlef e depois de outras pessoas que julgava importante. Fazia coisas só para ter aprovação daqueles que tinha medo constante de perder.


5. Instabilidade emocional - Christiane é uma pessoa emocionalmente instável, ora presa num espírito infantil, ora inferior às pessoas, e mantinha relacionamentos conjugais instáveis (como exemplo o número de rapazes com quem Christiane se relacionou...).


6. Busca desenfreada por um alívio do tédio - Christiane fica entediada muito rapidamente e é incapaz de agir com naturalidade numa situação que implique um pouco de monotonia, como por exemplo um ambiente de trabalho, concentrar-se em estudos, seguir regras etc.


Bem, concluo através destes itens que Christiane Vera é Borderline.
Mas não podia me basear somente no que eu penso e dizer com tanta convicção (ah, quer dizer, eu poderia sim, afinal o blog é meu hahahaha). Mas, como jornalista que sou, pesquisei na internet muitas páginas, e descobri uma reportagem que diz que Christiane havia sido tratada por muito tempo somente como uma dependente química, quando na verdade deveria ter sido tratada como uma borderline, pela intensa disfunção de sua personalidade limótrofe.


Ah, enfim, Christiane é borderline.
[e eu também]

domingo, 24 de maio de 2009

Todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim
todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim
todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim
todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim
todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim
todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim
todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim todos estão cansados de mim

E agora estou tão sozinha, e agora eu estão tão sozinha, e agora estou tão sozinha

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Tenha estilo.


Droga pesada -- junky -- é uma equação celular que ensina ao junky verdades de validade universal. Aprendi muito usando junky: vi a vida sendo medida em conta-gotas com solução de morfina. Senti a privação agônica da droga -- a chamada "fissura" -- e o alívio prazeroso quando as células sedentas de junky bebiam da agulha. É possível que todo prazer seja apenas alívio. Aprendi o estoicismo celular que a droga ensina ao junky. Vi uma cela repleta de junkies fissurados, silentes e imóveis em suas misérias estanques. Eles sabiam o quanto era inútil reclamar ou se mover. Sabiam que ninguém ali podia ajudar ninguém. Não há nenhum recurso, segredo que alguém possua e possa te oferecer.

Aprendi a equação junky. Droga pesada não é um meio de aumentar o prazer de viver. Junky não é um barato. É um meio de vida.


[Bill Lee]

sexta-feira, 15 de maio de 2009

cansei.

Eu tive uma crise meio pesada ontém, gritei, quebrei meu quarto, fiz as malas porque decidi dar o fora, desisti, tomei 400 mg de carbamazepina e 100 mg de clomipramina, deitei na cama, cortei o pescoço, dormi com a tesoura ao lado. Levantei algumas horas depois cambaleando, apenas para dizer aos senhores que está tudo bem, tudo bem.

Ele acabou desligando a maldita música, e as coisas continuam no mesmo lugar.
É assim que preciso, por que me torturar?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ser alguém sem você

Tenho raiva de esperar por você o dia todo, e você não aparecer.

domingo, 10 de maio de 2009

C.a.i.o [de novo]

"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza, deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és…"

sexta-feira, 8 de maio de 2009

C.a.i.o

"Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda"

[Não sei ser alguém sem você]



Eu te amo, tanto! De uma maneira urgente e apressada: como se todos os segundos da tua existência fossem se ausentar de repente, preciso sentir teu cheiro, e ouvir tuas palavras, mesmo aquelas que tu repetes algumas várias vezes, gosto e me espanto de novo: pra sempre! Como te amo! No balanço de um trem, a tua espera na rodoviária, na nossa cama de madrugada, sentir tua respiração de vagarinho, te amo tanto e nada falta, nada falta.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ausência daquela ausência-dominical.

O domingo foi daqueles de preencher-me com tudo aquilo que não tenho.
humm! E como descubro falhas na minha personalidade quando tenho essas estranhas-felizes-tardes. Sozinha. Sim, isso prova o quão decadente acabei me tornando.
Passei a tarde tagarelando: como eu nasci assim, como sou assado, como acho isso-e-aquilo, e ele escutava sempre atento, gosta de ouvir as mesmas histórias de quando estou completa daquilo que me falta, ele também fez parte daquele domingo feliz, de tudo que me completa e que falta durante os amargos dias úteis. (inúteis?)

O chato é a hora que acaba, viro então a gata-borralheira novamente, sem os castelos, sem as fadas madrinhas, e lá se vai o príncipe também.
O que me mantém?
-



[Não é luxo, é só necessidade]

domingo, 3 de maio de 2009

:(

Agora eu nem sei mais o que escrever, e na verdade nem o que pensar. Deveria eu pensar?Eu só quero ficar acordada e lembrar o meu nome. É tão dificil manter essa verdade horrivel no meu peito! E toda vez que me deparo face a face com ela, me destroça em um milhão de células, espalhadas por todos os cantos, no universo, no seus olhos, na pele.

Eu só não esperava...
não esperava.