sábado, 17 de dezembro de 2011

eu sou o peixe do meu aquário

Desde que o coordenador de transtorno de personalidade do hospital das clínicas me aceitou como paciente tenho vivido dias altamente estranhos e constrangedores.


Na última consulta, o psiquiatra que está me tratando agora explicou minha "doença" pro meu pai. 
"Sua filha tem o que chamamos de transtorno de personalidade borderline, mas, a longo prazo, isso será facilmente domável, ainda mais no caso da Thaís...."

 - Filha, transtorno de-o-quê-line? vou anotar para procurar na internet.
Meu pai tem se divertido nas consultas, chama até o coord. de malandrão. Há!

Medicamentos trocados, estou entre o torto e a direita. Dificuldade exímiapara dormir. O mais engraçado é que, quando finalmente pego no sono, o telefone toca, alguém acende a luz, inacreditável.

pouquissímas horas dormidas.receitaram-me um remédio para dormir que, ao meu ver, não passa de um biscoitinho. Já me foi aumentada a dose e nada. de raiva nem sei o nome infeliz do irremediável. sem rivotril, sem risperidona, não posso mais me dopar a hora que quero.
é tudo intragavelmente controlado demais. chega a apertar o coração.

dia de sábado. pode ser ensolarado ou não. tanto faz. consegui pegar no sono ao amanhecer e 9h tocou o maldito telefone. e era a telefonica ainda. para a puta que pariu o inventor desta merda de tecnologia.




a última gota de sangue do meu coração

há de embebedar pombos sujos, empapuçar a merda de ratos-voadores. escrotalmente, deslumbro de um ódio que mataria um exército. é um sentimento que envolve todo o meu ser, bem dentro do peito. Sinto o ranger da noite e me indigno, porquê do caralho da minha vida?

parar de existir seria o caminho alternativo para buscar paz eterna. mas sepulcro neste maldito corpo de 1,50 que só me dá desânimo e destreza.

como uma mosca na tela, como uma vadia no ponto noites e noites a fio, entrando em malditos carros sem freio de gordos famintos e desonestos, como uma genitália deformada, como um excremento antônimo.

não consigo matar e estou cansada. não consigo diluir, não consigo escapar da fera, do ladrão, da caça e da minha própria carapuça escarrada, gentilmente prostrada nesta cadeira.

quantos anos mais irei aguentar tamanho desgosto de viver, de ter de acordar todos os malditos e ensolarados dias de merda. de canções, de fumantes, de bancários, de putas, de viciados, de falsos moralistas, de um bando de porco comendo o anus do outro em fila indigena?

creio no desconcerto total de todas as coisas
o mundo está paralisado
e não há nada a ser feito
a não ser,
foder.