quinta-feira, 11 de setembro de 2008

---> Diante de vírgulas.

E enquanto paro, acendo meu cigarro, já sem voz, sem palavras, engasgada com comprimidos para dores de cabeça, alguns anti-choro, de saco cheio dos ônibus, esmagada por ruas que nem sei o nome, entro em uma loja, compro meu vestido de bolinhas, eu me olho no espelho, pequena e triste, fazendo coisas, pensando coisas, olhando coisas. tantas e pra nada. Tudo tem uma vírgula, uma coisa atrás da outra, sempre sem sentindo, me levando a planejar desgraças, a afundar entre meus cansados braços fracos, sem sentir amor ou ódio, remorso.
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[Caio]
"escolherei lentos blues, solos sofridos de sax, pianos lentíssimos, à beira do êxtase, clarinetas ofegantes e vozes graves, negras vozes roucas ásperas de cigarros, mas aveludadas por goles de bourbom ou conhaque, para que tudo escorra dourado como a bebida de outras águas, não estas, tão turvas, de onde emergiram dois pobres peixes cegos da noite, para sempre ignorantes da minha presença aqui, junto à máquina de música, ao lado do corredor que leva aos banheiros imundos, a criar claridades impossíveis e a ninar com canções malditas esse encontro inesperado, tanto por eles, que navegam cegos, quanto por mim, pescador sem anzol debruçado sobre a água do espaço que me separa deles"