Amanhã é dia vinte de outubro, o meu dia preferido do ano. Gosto de ter vindo ao mundo neste dia porque marca, há mais de um século e meio, o nascimento de Arthur Rimbaud. Eu não sei ao certo o que é ele. É certeza poesia, juventude e alguma coisa entre o humano-em-excesso e o excesso-desumano, eu também assim nasci, como esta frase, e embora não queira, todo ano se esvai de mim, ora estou andando, ora correndo, sempre, sempre em frente. Aprendi que a vida veio com defeito, ela vem com o botão "gravar" mas o tempo não tem o botão de voltar.
Vinte e dois anos, eu estou assustada: o que esperam de mim? O que querem? O que querem, sinceramente?
Ainda criança, serei eternamente. Não finjo ser o que não sou e se exponho as minhas tripas e meu coração, se me mostro, não é porque sou exibicionista, é porque muito sou para ficar escondida dentro da pele e da carne.
"Por delicadeza eu perdi a vida. Ah! Que o tempo venha em que a alma se empenha."